domingo, 29 de maio de 2011

Os meninos deste tal de iê iê iê

Eu podia contar detalhes de cada música tocada por Arnaldo Antunes no palco do Teatro Riachuelo, mas ainda assim seria um relato fraco do que realmente foi o espetáculo da noite dessa sexta-feira (27/5).

Para começar, devo voltar mais ou menos uma semana antes do show e agradecer a boa vontade de uma amiga que comprou o meu ingresso antes de esgotar, o que aconteceu em menos de 24 horas depois das senhas terem sido postas à venda.

Os preços bem abaixo da média (o bilhete mais caro saia por R$ 20 e estudantes com direito à meia-entrada pagavam apenas R$ 10) me fizeram pensar que muitos viam a apresentação somente como uma oportunidade de conhecer o teatro. Felizmente, eu queimei a língua mais tarde e a maioria conhecia e cantava alto todas as músicas.

Quando eu entrei, por volta das 21h30, Khrystal já fazia o show de abertura. Em companhia de Júnior Primata (que por mais de uma vez arrancou aplausos do público com solos de baixo) e de Wallyson Santos (na guitarra), a cantora potiguar baseou a apresentação quase que inteiramente em canções autorais. Apenas no final abriu exceção para tocar "Extra II, O Rock do Segurança" de Gilberto Gil, do qual declarou ser fã.

Em certo momento, ela parou o show e confessou: estava nervosa por poder cantar em um lugar "tão profissional". A plateia, simpática, apoiou a cantora e a deixou mais a vontade pra continuar.

Dez minutos depois da potiguar deixar o palco, Arnaldo Antunes assumiu o microfone. Entrando ao som de "Eu Já Fui uma Brasa", na voz do saudoso Adoniran Barbosa.
O repertório continuou praticamente o mesmo do DVD "Ao Vivo Lá em Casa" (lançado em dezembro e que deu origem à esta nova turnê). Depois de "Iê Iê Iê", "Vem Cá" e "Essa Mulher", eu já era capaz de adivinhar quais músicas viriam a seguir.

Permanecer sentado, desde o começo foi um desafio, mas somente em "Americana" eu senti a real necessidade de me levantar. As cadeiras foram as únicas responsáveis por inibir a empolgação do público, que, na maior parte do tempo, limitou-se a bater o pé no chão, sacudir os braços e balançar um pouco a cabeça, mas tudo de leve pra não incomodar quem estava atrás.

As boas vindas vieram com "A Casa é Sua", seguida de uma história dos bastidores que o ex-Titã decidiu compartilhar conosco. Contou que na van, antes de chegarem ao Teatro Riachuelo, alguém da banda havia tido uma grande epifania. Com o olhar fixo na janela do carro, ele entendeu que "em Natal, todas as árvores são árvores de Natal!". Não fiquei sozinho achando que esta era a deixa perfeita para tocar "As Árvores", mas a canção não veio. No lugar, engatou "Invejoso".

De casa, Arnaldo Antunes trouxe ainda a simpatia. Por umas duas vezes, desceu do palco e caminhou entre as fileiras de fãs. Durante a apresentação, dançou, pulou e rasgou a calça até encerrar ("do jeito que começou") com "Eu Já Fui uma Brasa", agora numa versão mais iê iê iê.
O bis chegou para nos presentear com mais duas músicas. Foi quando o público esqueceu de vez a norma de "cada um no seu lugar" e tomou a frente do palco.

Mas esta ainda não seria a última vez que veríamos o Antunes.

Eu já estava quase na porta de saída quando, "pra tocar só mais uma", a banda ressurgiu. "O Pulso" foi escolhida para dar um ponto final na noite, deixando todos com a certeza de que "o corpo ainda é pouco" em um show como esse.

*Fotos: Anny Gabrielly (@annygaaby)

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