sábado, 25 de dezembro de 2010

O ciclo de uma banda do mercado atual

Parece filme repetido, mas se olhar bem, as bandas de rock criadas hoje em dia e que chegam ao estrelato, têm uma vida na mídia, onde elas lutaram para estarem, já bem definida.

Primeiro elas surgem como “promessas MTV” fazem um clipe meio tosco, mas com uma pegada dançante e letra coloridazinha, sem muita coisa a adicionar. Fazem uma aparição aqui e outra ali, e então deixam o mundo underground para fazerem parte de uma gravadora, nela não fazem nada, simplesmente gravam as músicas que já tocavam, porém com uma qualidade sonora melhor (digo sonora, não de execução) daí vem o grande boom! Fazem um clipe mediano e a molecada cai em cima, a partir desse momento é de Faustão para lá!

O sucesso daquele disco vai depender da quantidade de clipes lançados, aí eu chamo a atenção para algo: o importante não é o que se ouve e sim a imagem obtida, seja nos clipes, seja na historia criada no imaginário do ouvinte.

Após um ano e meio ou dois anos de sucesso geral, eles param para gravar um segundo álbum, desse ponto a banda tem dois caminhos a seguir:

Fazem algo pior. Que venderão muito, ganharão muito dinheiro pegaram muitas menininhas, pelo menos por mais 2 ou no máximo 4 anos, gravarão um DVD e lançarão uma biografia. E de noite não dormirão, pois estarão em festas e baladas; bêbados e drogados num primeiro instante para se divertirem e depois por não saberem mais viver no anonimato, afinal seus fãs já os deixou para curtir outro grupo pior que está surgindo com um clipe meio tosco.

Faz algo melhor. Mas compromete o dinheiro que ganharia depois, porém de noite poderão dormir tranqüilos. Além do mais ganharão fãs fiéis e preocupados com que eles têm a dizer, fazem uma música mais revolucionária ou contestadora, que num terceiro álbum, novamente independente, pois sem o lucro a gravadora já os terá deixado, carro chefe no próximo disco. Não deixarão de trabalhar, mesmo vivendo com pouco, sempre tocarão, pois será um prazer e algo digno a para se fazer.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Top 5: 5 covers estranhos

Quando o Children of Bodom apareceu na internet em 2005 com uma versão de “Ops... I Did It Again”, meio mundo de gente pensou: “o que diabos essa banda de death metal melódico está pensando”?
Bem, eles estavam apenas pensando em se divertir: “À parte o fato de que obviamente isso era para ser uma piada, nós queríamos fazer algo que realmente surpreendesse as pessoas, sabe, chocá-las mesmo. Então, pensamos em algo bem louco com a Britney Spears. E acho que saiu algo bem legal mesmo”, explicou Alexi Laiho, vocalista da banda.
A brincadeira acabou muito bem. O disco de covers – Skeletons in the Closet – chegou até o nono lugar das paradas finlandensas, terra natal da banda, e deu à banda notoriedade fora do circuito de metal.

Formada em 2007, a banda The Baseballs tem uma proposta bem interessante: tocar diversas músicas atuais com uma releitura em rockabilly. Entre os covers lançados no primeiro disco – Strike!, só há espaço para música pop: Katy Perry, Jennifer Lopez, Beyoncé, Robbie Williams e, claro, Rihanna.
O cover de “Umbrella” é, sem dúvidas, o mais especial do disco inteiro. A música se tornou um hit em diversos países, como Espanha, Holanda e Suíça e, graças a esse single, o álbum chegou a disco de ouro na Áustria e Alemanha.
Por conta do single, a banda já até tem alcançado alguns vôos altos, para uma banda iniciante: já se apresentou em alguns programas de TV e abriu os shows da turnê de Jeff Beck.

Não é de hoje que Caetano Veloso tem o temperamento forte. Basta relembrar o episódio protagonizado por ele e por David Byrne, ex-vocalista da banda Talking Heads, no VMB de 2004. O que deveria ser uma ótima junção de talentos se transformou num vexame transmitido em rede nacional. Tudo por causa do gênio forte de Caetano – e por causa dos engenheiros de som da MTV.
Percebemos, então, toda a explicação para o cover de “Billie Jean”: é mais uma do caráter do cantor baiano. Do nada, ele achou que ficaria bom um cover de Michael Jackson com partes da letra em português e partes em inglês.
Apesar de nunca ter gravado a música, Caetano costuma toca-la nos shows, do modo mais bossa nova possível: apenas ele, o violão e um banquinho.

Os leitores podem estar se perguntando: o Slayer já não é metal? Explico.
Em 1968, Geezer Butler, baixista do Black Sabbath, observava a enorme fila para um filme de terror e pensou consigo: “se tem tanta gente que paga para se assustar com um filme, será que elas pagariam para ir num show com uma música que as assustassem”? Ele levou esse pensamento para a banda e logo a idéia de criar uma música que assustasse foi aceita. Dois anos depois, veio a confirmação da idéia do baixista: o disco “Black Sabbath” se tornou um clássico imediatamente e se tornou o primeiro disco de heavy metal da história. Podemos concluir, então, que o metal, no seu início, tinha a função de causar medo.
E é justamente isso que vemos no cover de Tori Amos. A pianista norte-americana tornou a música “Raining Blood” ainda mais tétrica do que ela já é. Deu a ela um clima tão sombrio que nem mesmo o Black Sabbath poderia dar a uma música.
E é aí que percebemos o quão metal é esse clássico do Slayer: mesmo tirando o metal do metal, ela continua metal.

O AC/DC sempre deixou clara a sua intenção: fazer um hard rock o mais elétrico possível. Isso fica claro pelo próprio nome da banda – em português significa “corrente alternada/corrente contínua” –, pelo nome dos discos – High Voltage, Powerage -, pelo nome das músicas – “You Shook Me All Night Long”, “Thunderstruck” – e pelo próprio espírito da banda, que nunca descansou, nem mesmo depois da morte trágica de Bon Scott.
Por isso que é tão esquisito ouvir AC/DC numa versão sem nenhum instrumento elétrico, apenas na voz e violão de Mark Kozelek, ex-vocalista da banda Red House Painters e vocalista da banda Sun Kil Moon. Quando a sua primeira banda acabou, ele tratou logo de embarcar em carreira solo. E, logo no primeiro EP, ele gravou 3 covers: “Rock 'n' Roll Singer", "You Ain't Got a Hold on Me", e "Bad Boy Boogie" – todas da época do supracitado Bon Scott, nenhuma delas hit.

sábado, 18 de dezembro de 2010

A música e os sentimentos

Venho reparando que a nossa vida é constantemente munida de trilhas sonoras particulares, cada uma tem uma música marcante, digo, músicas. A mesma música pode rever um sentimento em mim e outro totalmente contrário em você, caro leitor. Mas me perguntando sobre o como isso acontece dei conta daquilo comentado pelos ditados populares “não é possível fazer duas coisas ao mesmo tempo”. Entretanto essa máxima cai quando falamos da música, pois podemos estar ouvindo-a ou simplesmente remetendo as constantes repetições de versos em nossas cabeças, devido a isso suas palavras são implantas em nossas cabeças assim como acontece com jingles de políticos.

Portanto, alguns artistas (ou simplesmente funcionários da indústria cultural) se valem dessa idéia e criam músicas fáceis, logo de rápida penetração na cabeça, para simplesmente “bombarem” nas rádios e pistas não se preocupando mais com o que estão dizendo, e a música em si. Para a maioria das gravadoras, pouco importa o que está sendo cantado, o importante é vender, e se a música pega fácil na cabeça do público, ainda melhor.

O público por sua vez, num mundo de facilidades, também está cansado de se preocupar com a letra, simplesmente quer ouvir um som dançante, para pegar geral. É claro que há uma parcela de ouvintes preocupada com as palavras, entretanto o grande público ainda dá as costas à qualidade. O resultado disso é uma falta de sentimentalismo e sim o “momentalismo” (criei agora) não há aquela música que remeta a um instante vivido seja decepção, frustração, paixão, sucesso, extrema felicidade ou tristeza, aquela música dedicada àquela mulher que te deixou por um Ricardão ou outra criada para o cafajeste traidor e sedutor, o qual partiu te deixando com a ilusão, ou ainda uma canção como quem diz: essa foi feita para mim.

Entretanto hoje acontece a música do verão, aquela tocada até abusar ou então aparecer outra pior, digo melhor, e após uns cinco meses no máximo cai no esquecimento eterno. Afinal outro produto aparece e a máquina não pode parar.

Review: Motörhead - The Wörld Is Yours

Confesso que resenhar disco de bandas como AC/DC e Motörhead dá até desgosto, porque é possível resenhar um disco – ou até mesmo uma carreira inteira – com apenas um parágrafo:
“É um disco do Motörhead. Tem as guitarras do Motörhead, o baixo agressivo do Motörhead, a bateria do Motörhead. Enfim, não mudou nada dos últimos discos e é por isso que é bom”.
E esse parágrafo também vale para “The Wörld Is Yours”, álbum que será lançado dia 17 de janeiro. O disco é praticamente uma repetição de tudo o que o Motörhead já vem tocando há trinta anos, pelo menos.
Apesar disso, o disco tem, pelo menos, uma grata surpresa: “Brotherhood of Man”. A música sai um pouco da “zona de conforto” da banda e é mais pesada do que rápida. Para completar, Lemmy fez questão de cantar num tom mais grave do que ele está acostumado. O resultado é que a faixa parece ter sido tirada do disco “Load” do Metallica.
Tirando essa música, o álbum é do Motörhead e não mudou nada dos últimos discos. Ainda bem. Por isso que o disco é bom.

Nota: 4/10

1. Born to Lose
2. I Know How to Die
3. Get Back In Line
4. Devils In My Head
5. Rock 'n' Roll Music
6. Waiting for the Snake
7. Brotherhood of Man
8. Outlaw
9. I Know What You Need
10. Bye Bye Bitch Bye Bye

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Quanta Diferença...

Alguns chamam de evolução, alguns chamam de traição ao estilo. O fato é que as bandas costumam mudar de estilo, principalmente quando as bandas possuem vários anos de carreira. Aqui vão três exemplos:

SCORPIONS
Quem escuta os grandes sucessos dos Scorpions como “Wind of Change” mal imagina que eles começaram com um som totalmente psicodélico, lembrando mais The Doors.
A banda, formada em 1965 por Rudolph Schenker, não tinha nenhuma intenção de ser uma banda de hard rock ou heavy metal. Na verdade, ela começou como uma banda de música beat, como Beatles no começo ou The Searchers.
As coisas começaram a mudar quando o vocalista Klaus Meine e o irmão mais novo de Rudolph, Michael Schenker, entraram na banda. O som, que poderíamos chamar de “jovem guarda dos gringos”, passou a ter um forte acento psicodélico. As roupas e os cabelos comportados deram lugar às roupas rebeldes e calças boca-de-sino.
Depois de gravarem o primeiro disco – Lonesome Crow – Michael recebeu a oferta da banda UFO, a qual acabou aceitando. O baixista, Lothar Heimberg, e o baterista, Wolfgang Dziony, também saíram da banda – não para UFO.
Após essas reviravoltas, todos já conhecem a história. O som da banda mudou do rock lisérgico para o hard rock que conhecemos bem. Muito bem, por sinal.

Veja como os Scorpions eram e como ficaram conhecidos.

PANTERA
Imagine o glam rock dos anos 80: os cabelos gigantes, as calças de couro coladas, as poses exageradas e, principalmente, o hard rock totalmente genérico. Existiam milhares e milhares de bandas assim, inclusive uma chamada Pantera que tinha Diamond Darrell nas guitarras. Sim, a mesma banda que nos anos 90 gravou “Cowboys from Hell” era uma banda de glam rock nos anos 80.
É engraçado também observar como a mudança de apenas um membro muda totalmente o som de uma banda. Quando Cliff Burton morreu e deu lugar a Jason Newsted no Metallica, a banda passou a fazer um som mais comercial. Digamos que com o Pantera aconteceu o contrário.
Terence Lee foi o vocalista da banda em quatro discos seguidos. Depois da saída dele, Phil Anselmo foi chamado. E logo no primeiro no disco dele o som mudou. Do glam rock foi para um hard rock com influências de heavy metal e, até mesmo, thrash metal. O segundo virou clássico, já que estamos falando do “Cowboys from Hell”, o disco que ajudou a consolidar a banda no mundo.
Depois desse disco, a banda lançou vários outros discos excelentes, até acabar em 2003, um ano antes da morte de Dimebag.

Veja como o Pantera era e como ficou conhecido.

GENESIS
Era uma vez uma banda de rock progressivo. Ela era muito orgulhosa de ter músicas de 23 minutos, de o vocalista atuar no palco os personagens que cantava e do guitarrista usar uma guitarra de 12 cordas. Eles suavam muito para compor as suas músicas e suavam mais ainda para tocá-las, já que elas eram muito técnicas e exigiam muito dos músicos. Eles não se vestiam como rock stars, não tinham pose de rock stars, não tocavam músicas de rock stars, nem mesmo sequer tinham algo de rock neles. Mesmo assim, diziam que tocavam rock progressivo.
Era uma vez uma banda de pop rock. Ela era muito orgulhosa das músicas de 3 minutos que tocava, do vocalista tentar parecer jovem mesmo sendo um tiozão careca, e do guitarrista usar aquela guitarra irada que encontrou em alguma loja de música qualquer. Eles suavam mais fazendo pose do que tocando, já que as músicas eram genéricas e todas tinham o mesmo ritmo. Eles não se vestiam como rock stars – nem como popstars, não tinham pose de rock stars – nem de popstars, não tocavam músicas de rock stars – nem de popstars, nem mesmo sequer tinham algo de rock neles – nem de pop. Mesmo assim, diziam que tocavam pop rock.
Era uma vez a banda Genesis, que era essas duas – em épocas diferentes, claro.

Veja como era o Genesis progressivo e como era o Genesis pop.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Review: Michael Jackson - Michael

Vamos recapitular o que aconteceu:
Michael Jackson estava amargurado. O peso das acusações de pedofilia abafavam as notas das músicas que ele trabalhava tão arduamente. Ele tinha se tornado motivo de piada. Filmes de comédia como “Todo Mundo Em Pânico” usavam e abusavam do papel do MJ. E então, de repente, tudo isso foi por água abaixo com a morte de Michael. Num giro de 180º, a pessoa Michael Joseph Jackson ficou no passado para o artista retornar das cinzas. Logo, as músicas dele voltaram a ser tocadas, os videoclipes voltaram a passar na TV, os discos dele voltaram a ser comprados. Mais de um ano depois desses acontecimentos, o disco “Michael” foi lançado.
Este seria o disco que MJ lançaria em vida. E, por isso, deve ser entendido como o sucessor de “Invencible” (2001) e não como o sucessor da tragédia que se abateu sobre o rancho Neverland. Portanto, digo logo o que precisa ser dito: este não é um disco do artista Michael Jackson que conhecemos – ou o que acabamos redescobrindo com a morte do mesmo. É um disco duma pessoa que carregava o peso de acusações pesadas nas costas.
Isso talvez explique a baixa qualidade do disco, que não passa de um disco de R&B pouco inspirado. Não se vê nesse disco a genialidade que víamos no auge da carreira dele, com verdadeiros “petardos” como “Off The Wall” (1979), “Thriller” (1982) e “Bad” (1987). O que se vê é justamente o Michael sem criatividade de “Invencible”. A inspiração foi tão pouca que ele chegou até o ponto de usar artifícios repetitivos, como o auto-tune exagerado – bem no estilo T-Pain de cantar.
No disco, não há uma faixa contagiante como “Billie Jean” é em “Thriller”. Não há uma faixa bombástica como “Bad” é no seu álbum homônimo. Não há uma faixa que faça todos cantarem juntos como a música “We Are The World”, escrita por ele. O único destaque solitário do disco é a oitava música, “Behind The Mask”. Dum disco de Michael Jackson o que menos se vê é o Michael Jackson, o genial Michael Jackson.


É claro que não era o caso dele ficar se repetindo, usar a mesma fórmula para sempre até a exaustão. Até porque ele não precisava. Ele já era um artista consagrado – consagrado mas não sagrado – quando começou a gravar o disco. Mas o que se espera de um artista como ele é nada menos do que a excelência pura.
Enfim, se o Michael estiver lendo isso do céu, só quero que você saiba: mesmo sendo um disco pouco inspirado, ainda é melhor do que muita coisa que ouço por aí. Ter que aguentar Justin Bieber é osso.

Nota: 3/10

Tracklist:
01. Hold My Hand
02. Hollywood Tonight
03. Keep Your Head Up
04. (I Like) The Way You Love Me
05. Monster
06. Best of Joy
07. Breaking News
08. (I Can't Make It) Another Day
09. Behind The Mask
10. Much Too Soon

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Não deixe o samba morrer!

Nem é preciso Alcione pedir, como fez em 1975, no álbum de mesmo nome desse título. O samba está mais vivo do que nunca. Pós-graduado em composições que retratam a batalha de cada dia dos brasileiros, o samba é mais do que a cara do país, é a alma desse povo.

Como um verdadeiro pensador, o samba quebra todas as barreiras de preconceito que podem existir. Ouve-se batuques de pandeiro da casa mais humilde do morro ao evento mais importante da cidade. Rico, pobre, negro, branco, amarelo, mulato, crioulo, adulto, idoso ou criança. Raro daquele que conheceu e desgostou desse som mágico.

Som que faz muita gente esquecer de todo e qualquer problema existente no planeta com três minutos de solo de cavaquinho. Som que faz todos dançarem, mesmo que a canção trate da perda da mulher amada.

Samba choroso, vide alguns clássicos de Cartola. Samba cômico, como cantava Adoniran Barbosa. Ou até o samba que "bate na cara" da sociedade, como fez Noel Rosa. Não importa. O samba abre espaço para todos e leva consigo grandes nomes da história da música desse país.

Nesse 02/12, dia do samba, faça como todo grande amante do samba. Abra sua cerveja, batuque sua caixa de fósforo, cante em coro e deixe todos os problemas para amanhã de manhã. Seja na rua, na praça ou em qualquer botequim, o verdadeiro samba sempre te deixará entrar, livre de qualquer desconfiança, grana, cor ou credo. É só pedir passagem...