terça-feira, 8 de maio de 2012

Eu fui ao Íntimo de Seuzé

Fotos: Diego Marcel
Quando o relógio digital do celular indicou faltar 3 minutos para as vinte horas decidi ser a hora de passar pelas portas de um dos casarões clássicos da rua Padre Miguelino, este em particular, já conhecido da cena cultural potiguar. Amparado pelos editais de incentivo à cultura a Casa da Ribeira promove há três anos o Cena Aberta, um projeto com preços convidativos e apresentações de qualidade convocatória.

Ao passar pela porta perguntei a uma das recepcionistas a duração do espetáculo, sim o tempo era algo que me deixaria apreensivo naquela noite, não pela atração, já conhecia a banda de outros bares e lugares: casas de show e calouradas do setor 2, o meu problema era com o horário, quem vem de Parnamirim sabe que não se pode confiar na empresa de transporte daquela cidade. Mas a minha pergunta tirou um sorriso simpático daquela mulher, e foi substituído com um olhar confuso por trás daqueles óculos de grau, seguidos por uma afirmação que não afirmaria nada:

“Não sei te informar a duração não, senhor.”

Certo, não me importei se minha sede pela informação não foi saciada. Fiquei mais surpreso com o vocativo que recebi naquela noite, um mano, véi, man ou até mesmo galado já estaria suficiente para uma pessoa da minha estirpe.



A tempo de achar o meu lugar me assento ao lado da minha senhora – era a primeira vez dela – seguro sua mão para tranqüilizar minha apreensão e principalmente sentir sua pele na minha.

Uma voz dá as boas vindas, agradece ao patrocinador, e lança as regras para em seguida anunciar a atração: Seuzé – Íntimo.

O Seuzé é uma banda conhecida da cidade, com quase dez anos de estrada, Lipe e Cia colecionam dois discos geniais e apresentações dentro e fora do estado e grandes festivais. Quando um natalense mais ligado é perguntado sobre bons artistas da cena potiguar a banda está na lista de 9 em cada 10 pessoas, a outra com certeza ainda não ouviu o som do grupo, muito menos viu uma apresentação.

O abrir das cortinas foi guiado pelos primeiros acordes da música “A Janela” seguidos pelo vocal cheio de sotaque. Eu poderia terminar o texto agora falando que todo o show foi ficar parado na janela com um sorriso infantil, enquanto se vê a banda passar. Mas seria limitar demais, e seria frustrante para o leitor chegar a esse ponto da leitura levar uma brochada desta.