sexta-feira, 29 de abril de 2011

CPM 22: Depois de um longo inverno (2011)

O novo projeto da banda paulista CPM 22, lançado em abril, deixa um pouco de lado o hardcore melódico, já bem característico de seus antigos trabalhos, para dividir com uma mistura de rock com reggae. Estilo esse que tem se tornado bem comum nos últimos anos dentre as bandas brasileiras. Das 13 faixas oito podem lembrar a primeira metade da década passada.

Junto com o ska vieram os metais, que podemos observar em “Cavaleiro metal”. Sem instrumentos de sopro, mas com reggae ainda tem “Vida ou morte”, música lançada 2 meses antes do disco,

Outra mudança que vem acontecendo desde “Cidade cinza” são as letras voltadas para os problemas da humanidade em geral, a solidão, o futuro do planeta, ou seja, a boa e velha crítica ao sistema. O que não é ruim, pois desde que passe boas idéias além dos amores juvenis e a imagem de um mundo que não existe, é legal ver nos artistas essa preocupação e difundi-lá para seus fãs. O ruim é ver esse tema sempre abordado da mesma maneira em muitos trabalhos de muitas bandas. O que sinto falta é de alguém fazendo isso de uma maneira diferente da já vista milhões de vezes.

As músicas “Quem sou eu”, “Minoria” “Março 76”, “Nova ordem”, “Filmes que nunca vi” e “Hospital do sofredor” podem lembrar a época de “Ao vivo MTV” com a pegada mais conhecida da banda nos tempos do sucesso. Não só a bateria, mas as bases simples das guitarras e o baixo acompanham esse momento “volta ao passado”.

A balada do disco fica por conta da “Na medida certa” a qual apresenta uma lista desejos na vida de um personagem. O interessante nessa música é aquela malhada levada de ska, porém com uma suave base distorcida na segunda guitarra, que resultou num som maneiro de se ouvir, algo extremante pouco trabalhado quando se mistura estilos diferentes. Eu disse pouco, pois quando tocamos nesse assunto o que mais se vê são estrofes com pegadas reggae e refrão mais ligado ao rock. Outra que podemos confundir com uma tradicional balada é a autobiográfica “CPM 22” como o nome já diz é a história da banda é uma canção, música e letra muito bem feitas por sinal. Eles tentam contar toda a história do grupo como vemos: “Pra te escrever talvez / ou melhor de dizer / o que vivemos desde a caixa postal”.

A canção “Março 76” fecha o disco fazendo um resgate histórico desse período no Brasil, a ditadura, prisões e lutas. No final dessa faixa encontrei algo que particularmente odeio, não sei se foi defeito da gravação, do arquivo que peguei enfim, mas não é a primeira vez que vejo isso: depois de uma música tem um enorme silêncio (vazio), coisa de um minuto e quando pensamos em tirar o disco (afinal, já acabou) eis que surge outra música. Não entendo se isso é uma nova moda nas produtoras, gravadoras e bandas, ela não é legal, não é cool.

Resumindo o disco em uma frase: Nada de revolucionário, mas quem já gostava do trabalho dos caras vai gostar desse também.

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