sábado, 29 de outubro de 2011

Não deixe o Beco morrer!

Por Paulo Nascimento/Especial para o Aqui Tem Som

Sob a proteção do guerreiro romano-cristão da Capadócia, o samba começa tímido em frente ao tradicional Bar de Nazaré. Ornada de vermelho e branco, as cores do guerreiro São Jorge /Ogum que é companhia de grande parte dos sambistas espalhados pelo Brasil, a mesa recebe pandeiro, tantã, cavaquinho, banjo, surdo, tamborim... Mesas lotadas tomam conta de parte da rua Coronel Cascudo, em pleno Centro da capital potiguar.

O samba começa a ecoar pelo Centro vazio (triste de uma cidade que se esquece do seu “coração”) e chama aos poucos aqueles que estão sentados nas mesas vão se levantando e os que estão dentro do bar pegam suas cervejas, indo aos tantos se aboletando ao redor dos músicos, como ocorre toda sexta-feira há praticamente, me conta meu amigo e companheiro de profissão Rafael Duarte, mais do que habitué dos sambas da quinta-feira no Bar de Nazaré. Está feita a dita roda de samba, como manda o figurino (porquê manual não é coisa de sambista).

Sob os olhares do guerreiro Jorge, o grupo Arquivo Vivo percorre décadas e décadas da história do samba, interpretando os maiores clássicos do samba, desde Noel Rosa, passando por Nelson Cavaquinho, Martinho da Vila até chegar em Jorge Aragão. Divinas melodias e letras que certamente estão registradas nas pedras do Beco da Lama, desde os tempos de meus avós, e são revisitadas na voz de todos os amantes do bom samba, que entoam com força o verso que deveria estar em cada parede do nosso Beco: “Não deixe o beco morrer/Não deixe o beco acabar/O beco foi feito de samba/De samba pra gente sambar”.

Quase três horas de samba embalam a galera, que canta alta quase todas as músicas. Feliz, vejo finalmente Natal com um bom público de samba, reunindo gregos e troianos, além claro do ótimo Arquivo Vivo. Que isto cresça cada vez mais, espalhe-se por todos os lugares e, quem sabe um dia, vejamos o nosso Centro pulsante de vida, música, luzes e cores.

Salve Jorge! Vida longa ao samba! Vida longa à roda de samba do Bar de Nazaré! E quem não foi, está perdendo tempo. Junte seus amigos que gostem da boa música – e de uma cerveja gelada - e corram para a Coronel Cascudo na noite de quinta-feira. (Dica: quem quiser uma mesa, chegue um pouco antes das 19h ou vai ficar de pé).

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