Ele voltou, mas só ficou
claro pouco tempo depois da primeira banda da sexta-feira começar a tocar. Para
falar do festival MADA 2011 temos de voltar a 2010. Como em todo ano
acontecia, naquele as pessoas aguardavam pelas primeiras chamadas do festival,
como era de costume ele acontecer no segundo semestre ninguém se importou
tanto, e todos foram deixando o tempo passar, e a certeza foi se transformando
em dúvida e depois em certeza: não haveria festival em 2010. Logo após esta
assertiva outra dúvida: Será que ele acabou de vez? Ele voltará em 2011? Esse
questionamento continuou por um longo tempo na cabeça dos potiguares e amantes
de música, muito influenciada pela falta de informações no site, por sinal era
o mesmo desde 2009 e a última notícia cadastrada era de Marcelo D2, que se
apresentou naquele ano. Os fãs do evento não tinham nenhuma notícia da ausência
dele no calendário de 2010, e eles merecem e tem o direito de saber. Mas aos
poucos o Twitter começou a dar um sinal de vida e acalmar os mais ansiosos, e depois
de um tempo veio a confirmação, e desta vez “sim, haveria festival MADA 2011”.
Mas não mais que isso. Quem seria convidado, como seria o formato, nada de mais
informações. Faltando um mês e meio para as datas informadas o novo site finalmente
veio ao ar. E um doce de abóbora para quem acertar o que menos tinha nele.
Ganhou quem disse informações. Só a algumas semanas do início do festival todas
as bandas estavam confirmadas.
Dusouto fez um dos melhores shows do festival / Marco Carvalho |
Já na sexta-feira (07) cheguei um pouco atrasado, pois depois da aula tive de passar em casa, mas gostaria muito de chegar a tempo de ver a primeira banda, a minha surpresa foi que somente duas bandas já tinham se apresentado o MC Priguissa e Pedubreu ambos daqui de Natal.
A primeira banda que vi no
MADA foi A Nave, pernambucanos que animaram bem o público, principalmente os
mais cults da platéia, com melodias que lembravam os Los Hermanos. Comparações à parte foi uma boa descoberta, com letras
agradáveis foi um acerto do festival. Após veio o AK-47 banda potiguar com uma
pegada mais agressiva, não é muito minha praia, mas após um primeiro momento o
som dos caras foi ficando melhor, também não pude deixar de perceber
que os caras tem um bom baixista, geralmente dentro desse estilo eles nunca
deixam a desejar em velocidade, eu não poderia deixar de repassar o recado dado
pelo vocalista no final do show, endereçado à produção do festival, ele disse:
“MADA 2011 ano para repensar estruturas”. Realmente o evento foi importante
para repensar algumas coisas. Se tratando de Natal, você cobrar 30 reais ao
estudante para um dia, merecia mais. Para começar nos banheiros não haviam
filas quilométricas mas em alguns momentos elas estavam grandes e enchendo
o saco das pessoas, isso além de ser necessário atravessar um verdadeiro pântano
de lama para se chegar até eles. Pode não parecer pertinente ao momento, mas
tem acontecido frequentemente em eventos e em bares da cidade, mas se você
vende cerveja tipo 2 de qualidade 2 ela não pode ter o mesmo valor de uma
cerveja tipo 7 com qualidade 9, isso é lesar o cliente e acredito que todas
aquelas pessoas vendendo produtos ali dentro passaram pela aprovação do
festival. Outra coisa que aconteceu na sexta-feira foi o atraso, extremo atraso
o qual foi sendo encoberto de forma mal educada pesando nas apresentações. Fica
a dica que um festival não é somente apresentações misturadas e jogadas em
palcos.
Tipo Uísque, banda carioca que se apresentou na sexta-feira / Marco Carvalho |
Já com o espaço do Imirá
tomado pelo público, subiu ao palco Sabonetes, banda do Paraná e com um certo
reconhecimento no cenário nacional. Desde Sabonetes o público finalmente começou
a entrar no clima do festival.
Mais uma vez um produto da
terra se apresentou. Dusouto fez uma das suas melhores apresentações que já vi,
e roubou a cena, começando com o single Cretino, eles levaram o público onde
ele queria ir: ao delírio. Ao fim eles ainda tiveram a companhia de MC
Priguissa e de Danina Fromer, líder do grupo Emblemas Funk Band, e fecharam a
apresentação com chave de outro. Enquanto isso no outro palco Mundo Livre S/A
se preparava para lançar seu novo disco, com o som já conhecido, à lá Jorge Ben
fizeram uma excelente apresentação e nada mais.
Quando Natiruts subiu ao palco já eram cerca de 2h da manhã e a banda estava numa vibe tão positiva, mas tão positiva que senti falta de energia e agressividade que um show de encerramento pede, e me deixou com aquela sensação de não ter ido ao festival MADA.
Segunda noite
No sábado também cheguei
atrasado, como desta vez o festival não contou com atraso acabei perdendo
várias bandas. Entre elas o Venice, com um recente trabalho lançado pelo
projeto Incubadora, do Dosol, queria ver uma apresentação ao vivo deles, pois ouvindo
o disco dos caras achei muito bom. A primeira que vi foi a Bande Dessinée, a
qual me mostrou dos três anos de francês estudados não me valeram de nada.
Grupo bem afinado, vocalista também, mas a distância do idioma afastou muito o
público. Na verdade eu também não gosto muito de bandas brasileiras fazendo
trabalho em outros idiomas, mas isso uma opinião bem minha.
Integrante da banda potiguar Malassombros Band que acompanhou Maguinho da silva em seu show. / Marco Carvalho |
O Uskaravelho, banda já
tradicional no cenário natalense e com 10 anos de estrada também subiu ao palco
e presenteou o público com um grande show, que também não foi mesquinho e
retribuiu cantando as músicas dos potiguares. O fim desse show não poderia ser
melhor, como um coro todos cantaram “Se Você Pensa” do Rei Roberto Carlos.
A penúltima apresentação foi
Marcelo Jeneci, odiado por alguns e amado por outras, independente de opiniões,
é um bom letrista, músico e sabe levar um show. Ele foi apresentado por China,
da MTV, e que recentemente também lançou um disco, o apresentador não deixou o
público esquecer que a atração seguinte concorre a cinco VMBs, prêmio cedido
pela emissora e que vai ao ar dia 20 de outubro. Particularmente eu estava
querendo ver o show de Marcelo, e previa que fosse algo parado, conclusão? Definitivamente
eu não sou O Astro. Para finalizar ele também não errou na medida e cantou
outra música de Roberto, porém essa está no seu disco de 2010, a “Do Outro Lado
da Cidade”.
Bruno Gouveia não deixou o público parado um único minuto. / Marco Carvalho |
As lições dessa edição são
de que as mudanças devem acontecer, pois até os três ou quatro últimos show do
sábado o Festival MADA, não era nem de perto o já conhecido do público, os
formatos de festivais mudaram, a estrutura deste também merece mudar, mas maior
que isso é a certeza de que ele voltou, cambaleando, mas voltou, e só o que
posso dizer é seja bem vindo de volta.
As fotografias que ilustram este texto são de Marco Carvalho visite o Flickr dele e veja outras do MADA.
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