quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Bandas principais fazem boas apresentações, mas potiguares roubam a cena


Ele voltou, mas só ficou claro pouco tempo depois da primeira banda da sexta-feira começar a tocar. Para falar do festival MADA 2011 temos de voltar a 2010. Como em todo ano acontecia, naquele as pessoas aguardavam pelas primeiras chamadas do festival, como era de costume ele acontecer no segundo semestre ninguém se importou tanto, e todos foram deixando o tempo passar, e a certeza foi se transformando em dúvida e depois em certeza: não haveria festival em 2010. Logo após esta assertiva outra dúvida: Será que ele acabou de vez? Ele voltará em 2011? Esse questionamento continuou por um longo tempo na cabeça dos potiguares e amantes de música, muito influenciada pela falta de informações no site, por sinal era o mesmo desde 2009 e a última notícia cadastrada era de Marcelo D2, que se apresentou naquele ano. Os fãs do evento não tinham nenhuma notícia da ausência dele no calendário de 2010, e eles merecem e tem o direito de saber. Mas aos poucos o Twitter começou a dar um sinal de vida e acalmar os mais ansiosos, e depois de um tempo veio a confirmação, e desta vez “sim, haveria festival MADA 2011”. Mas não mais que isso. Quem seria convidado, como seria o formato, nada de mais informações. Faltando um mês e meio para as datas informadas o novo site finalmente veio ao ar. E um doce de abóbora para quem acertar o que menos tinha nele. Ganhou quem disse informações. Só a algumas semanas do início do festival todas as bandas estavam confirmadas.

Dusouto fez um dos melhores shows do festival / Marco Carvalho
Primeira noite


Já na sexta-feira (07) cheguei um pouco atrasado, pois depois da aula tive de passar em casa, mas gostaria muito de chegar a tempo de ver a primeira banda, a minha surpresa foi que somente duas bandas já tinham se apresentado o MC Priguissa e Pedubreu ambos daqui de Natal.

A primeira banda que vi no MADA foi A Nave, pernambucanos que animaram bem o público, principalmente os mais cults da platéia, com melodias que lembravam os Los Hermanos. Comparações à parte foi uma boa descoberta, com letras agradáveis foi um acerto do festival. Após veio o AK-47 banda potiguar com uma pegada mais agressiva, não é muito minha praia, mas após um primeiro momento o som dos caras foi ficando melhor, também não pude deixar de perceber que os caras tem um bom baixista, geralmente dentro desse estilo eles nunca deixam a desejar em velocidade, eu não poderia deixar de repassar o recado dado pelo vocalista no final do show, endereçado à produção do festival, ele disse: “MADA 2011 ano para repensar estruturas”. Realmente o evento foi importante para repensar algumas coisas. Se tratando de Natal, você cobrar 30 reais ao estudante para um dia, merecia mais. Para começar nos banheiros não haviam filas quilométricas mas em alguns momentos elas estavam grandes e enchendo o saco das pessoas, isso além de ser necessário atravessar um verdadeiro pântano de lama para se chegar até eles. Pode não parecer pertinente ao momento, mas tem acontecido frequentemente em eventos e em bares da cidade, mas se você vende cerveja tipo 2 de qualidade 2 ela não pode ter o mesmo valor de uma cerveja tipo 7 com qualidade 9, isso é lesar o cliente e acredito que todas aquelas pessoas vendendo produtos ali dentro passaram pela aprovação do festival. Outra coisa que aconteceu na sexta-feira foi o atraso, extremo atraso o qual foi sendo encoberto de forma mal educada pesando nas apresentações. Fica a dica que um festival não é somente apresentações misturadas e jogadas em palcos.

Tipo Uísque, banda carioca que se apresentou na
sexta-feira / Marco Carvalho
Planat é outra banda já conhecida no cenário estadual, banda de som mais indie fez uma apresentação sem surpresas, muita animação no palco, pouca no público. A próxima atração da lista foram os cariocas do Tipo Uísque, liderada uma cantora que buscava em divas do soul e do blues sua identidade vocal, mas acabou ficando no caminho, lembrava um pouco a voz de Adele, porém com muitos tropeços, além do mais a música não empolgou o público, perto do fim do show de Tipo Uísque veio mais outra mancada do festival, coisa que se repetiu mais umas três vezes sexta e outra no show de Marcelo Jeneci no sábado, é muito feio e deixa um clima estranho no público quando o apresentador interrompe o artista, a pobre vocalista da banda carioca se preparava para cantar sua última música quando no palco do lado o apresentador começava a anunciar a outra banda, deu para ver a decepção em seus olhos azuis, ficou a sensação "de fica para a próxima", e dessa vez com muito uísque.

Já com o espaço do Imirá tomado pelo público, subiu ao palco Sabonetes, banda do Paraná e com um certo reconhecimento no cenário nacional. Desde Sabonetes o público finalmente começou a entrar no clima do festival.

Mais uma vez um produto da terra se apresentou. Dusouto fez uma das suas melhores apresentações que já vi, e roubou a cena, começando com o single Cretino, eles levaram o público onde ele queria ir: ao delírio. Ao fim eles ainda tiveram a companhia de MC Priguissa e de Danina Fromer, líder do grupo Emblemas Funk Band, e fecharam a apresentação com chave de outro. Enquanto isso no outro palco Mundo Livre S/A se preparava para lançar seu novo disco, com o som já conhecido, à lá Jorge Ben fizeram uma excelente apresentação e nada mais.



Quando Natiruts subiu ao palco já eram cerca de 2h da manhã e a banda estava numa vibe tão positiva, mas tão positiva que senti falta de energia e agressividade que um show de encerramento pede, e me deixou com aquela sensação de não ter ido ao festival MADA.


Segunda noite

No sábado também cheguei atrasado, como desta vez o festival não contou com atraso acabei perdendo várias bandas. Entre elas o Venice, com um recente trabalho lançado pelo projeto Incubadora, do Dosol, queria ver uma apresentação ao vivo deles, pois ouvindo o disco dos caras achei muito bom. A primeira que vi foi a Bande Dessinée, a qual me mostrou dos três anos de francês estudados não me valeram de nada. Grupo bem afinado, vocalista também, mas a distância do idioma afastou muito o público. Na verdade eu também não gosto muito de bandas brasileiras fazendo trabalho em outros idiomas, mas isso uma opinião bem minha.

Integrante da banda potiguar Malassombros Band que acompanhou
Maguinho da silva em seu show. / Marco Carvalho
Maguinho da Silva e Malassonbros Band também ficou naquela lista dos ladrões de cena. Um grande show, com uma banda muito boa. Outra coisa que bastante se repetiu no sábado foi o uso dos metais, não muito visto nas bandas da sexta. Com Maguinho no palco, só vinha uma coisa na minha cabeça, uma das coisas mais tradicionais da cidade: o estilo de vida Pinta Natalense, sem o sentido pejorativo, mas com aqueles trejeitos, achei isso muito interessante, senti um artista bem Natal.

O Uskaravelho, banda já tradicional no cenário natalense e com 10 anos de estrada também subiu ao palco e presenteou o público com um grande show, que também não foi mesquinho e retribuiu cantando as músicas dos potiguares. O fim desse show não poderia ser melhor, como um coro todos cantaram “Se Você Pensa” do Rei Roberto Carlos.

A penúltima apresentação foi Marcelo Jeneci, odiado por alguns e amado por outras, independente de opiniões, é um bom letrista, músico e sabe levar um show. Ele foi apresentado por China, da MTV, e que recentemente também lançou um disco, o apresentador não deixou o público esquecer que a atração seguinte concorre a cinco VMBs, prêmio cedido pela emissora e que vai ao ar dia 20 de outubro. Particularmente eu estava querendo ver o show de Marcelo, e previa que fosse algo parado, conclusão? Definitivamente eu não sou O Astro. Para finalizar ele também não errou na medida e cantou outra música de Roberto, porém essa está no seu disco de 2010, a “Do Outro Lado da Cidade”.

Bruno Gouveia não deixou o público parado um único minuto. / Marco Carvalho
Biquini Cavadão subiu ao palco quase que no horário previsto. E seu show foi além do esperado. Finalmente constatei “Estou no MADA”, Bruno Gouveia se mostrou animado e contagiado pelo público, foi tanta animação e presença de palco, que ele não se conteve, e foi até o palco do lado, que já estava com as luzes apagadas, subiu nas estruturas de metal, chamou uma fã para cantar suas músicas. O Festival MADA terminou sua edição 2011 com o show mais apoteótico de todos os dois dias. E a última música? “Chove Chuva” de Jorge Ben, dono de um dos melhores shows do ano em Natal, e no Imirá.

As lições dessa edição são de que as mudanças devem acontecer, pois até os três ou quatro últimos show do sábado o Festival MADA, não era nem de perto o já conhecido do público, os formatos de festivais mudaram, a estrutura deste também merece mudar, mas maior que isso é a certeza de que ele voltou, cambaleando, mas voltou, e só o que posso dizer é seja bem vindo de volta.



As fotografias que ilustram este texto são de Marco Carvalho visite o Flickr dele e veja outras do MADA.

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