domingo, 9 de outubro de 2011

A magia dos meninos de Osasco

Larissa Moura é estudante de jornalismo e, entre outras coisas, leitora fiel do @aquitemsom. Ela escreveu o post que você lê abaixo. Agora pense aí... Se você também pudesse fazer um post, sobre o que falaria? Envie seu texto para guest@aquitemsom.com, que ele pode ser publicado aqui.


Garanti meu ingresso uma semana após confirmarem a apresentação. Depois da campanha de fãs via twitter, o anúncio da volta da trupe do Teatro Mágico à terras potiguares soou como uma vitória. E naquele domingo, 2 de outubro, pessoas de todas as idades estavam na fila com nariz de palhaço para presenciar o espetáculo mais divertido que o Teatro Riachuelo trouxe este ano.

Mesmo há menos de um mês do lançamento do novo disco, o público presente já cantava as 19 faixas de "A sociedade do Espetáculo". E para a alegria de todos, os maiores sucessos do grupo também fizeram parte do repertório da noite. Entre elas "Ana e o Mar", uma das minhas composições prediletas, num solo de violão que chamava pelo coro da platéia. Entre os artistas circenses, Deinha Lamego roubava a cena ao se equilibrar no pano e argola, parte do modesto cenário do grupo. A interação com o público, sem dúvida, é o diferencial da trupe. Em "Zaluzejo", Anitelli dividiu o teatro inteiro, da fronstage ao balcão nobre, em uma guerra musical onde cada lado tinha de cantar mais alto do que o outro. Dava uma sensação de estarmos numa gincana, no recreio da escola.

Li uma crítica na Folha de São Paulo que considerava o atual álbum da trupe "razoável", alegando utilizar-se de letras melódicas e rimadas. Comparada à Folha, ninguém liga pra minha opinião, mas o terceiro álbum dos meninos de Osasco me parece mais uma criação bem inteligente. O título do álbum carrega o nome da principal obra do escritor francês Guy Debord, que fala da sociedade capitalista, baseado nas teorias de Marx. O grupo não esquece seu lado questionador nem abandona o sentimentalismo presente em suas composições. A poesia de Drummond em "O Mundo Não Vale o Mundo Meu Bem", o cuidado do planeta em "Canção da Terra", a lembrança dos conflitos no oriente médio em "Amanhã... Será?" e a pegada romântica de "Quermesse", "Fiz uma Canção pra Ela" e tantas outras demonstram isso.


Apesar do atraso na abertura com o Circo Tropa Trupe – que fez uma ótima apresentação - os músicos estenderam o espetáculo por mais de uma hora e meia. Tirando a grosseria (a meu ver rotineira) dos funcionários do teatro após as apresentações, a aparição do músico Willians Marques e, logo depois, do vocalista Fernando Anitelli foi o melhor presente que o público-pagão-paciente poderia receber. Cerca de uma hora depois do show, os dois foram para a pista do teatro atender os fãs presentes. Ambos não tiveram muito tempo para serem simpáticos com tantas pessoas querendo atenção, mas deu pra perceber o carinho e respeito que conservam por todos. Campeões em interatividade, não poderia ser diferente, todos os membros comentaram o show nas redes sociais no dia seguinte.

Pra quem não conhece a trupe, vale sempre a pena conferir seu trabalho. Além da junção de vários segmentos artísticos numa mesma apresentação, eles fazem parte da parcela que defende o livre acesso a arquivos musicais na internet.

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