terça-feira, 30 de agosto de 2011

De álbuns lentos surge um show nada parado

Dos dois álbuns solos ("Sou", de 2008 e "Toque Dela", de 2011) sai a maior parte do repertório de Marcelo Camelo no seu show. Deles também, as músicas lentas que amornam até o mais fervoroso fã da era dos hermanos a presenciar o show do barbudo.

Porém, a apresentação foge um pouco desse padrão. Em palco, Camelo é mais "rock'n'roll". É menos cantador e mais gritador quando precisa e torna um show muito mais atraente no quesito animação. Sabe, claro, a hora de dar espaço às canções mais suaves, como "Santa Chuva", "Janta" e "Três dias". Da mesma forma havia feito há 2 anos atrás, na turnê do - mais introspectivo - "Sou", e não decepcionou o público no Vila Hall.



No Teatro Riachuelo, na última sexta-feira (27), Camelo estava em casa. Interagiu com a plateia, bebeu cerveja - "só hoje", afirmou -, elogiou o Teatro e brincou com o fato do público estar sentado. "Essa é pra vocês dançarem aí nas cadeiras. Assim...", ensinou Camelo, balançando os braços junto ao peito de um lado ao outro de forma bastante desengonçada.

A plateia do show parecia estar um pouco incomodada por estar naquela situação. Grande parte do público não queria e não sabia lidar com aquilo. O show pedia um público que pudesse cantar erguendo os braços em cada frase do ex-hermano, assim como ocorreu em "Além do que se vê", que finalizou a apresentação, com todos ao pé do palco. E só ocorreu porque, pouco antes, Camelo ofereceu as samambaias que compunham o cenário do show à plateia. A multidão correu em busca da planta e por lá ficou.

Mas a certo ponto foi favorável. Aos órfãos do Los Hermanos, ele resgatou, só na voz e violão, "Casa pré-fabricada", a pedidos de um fã. E só tocou, porque a acústica do teatro é excelente. Em outro lugar talvez não o fizesse.

O hermano então contou com a arma que lhe era mais favorável no show. Uniu o talento como músico - e da Hurtmold, banda que o acompanha - pra aproveitar aquele espaço. "São raras as oportunidades que a gente tem de tocar num lugar assim", afirmou referindo-se ao ambiente sonoro que o teatro proporciona.

Um bom show, num teatro que custa caro, mas que mostra ser acomodador não apenas a quem vai assistir, mas também a quem se apresenta. A organização só pecou por nos deixar sentado. "Copacabana" e seu batuque sentiram falta da movimentação do público. No fim, um show bem elétrico pra álbuns de dormir.

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