segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Está chegando ao fim, mas mostrou a que veio

Divulgação
Próximo do fim do Circuito Ribeira, o apoio financeiro para sua realização já se foi há meses, mas sem dúvida alguma ele mostrou a que veio. É evidente que as três primeiras edições foram as melhores no que diz respeito às atrações, em especial a primeira, porém o natalense (e parnamirinense) pegaram o jeito do que é o Circuito, em nenhum outro agosto, outubro ou novembro da alegria o cidadão poderia sair de casa com a certeza de não se decepcionar. Toda a Ribeira é templo da cultura da cidade, onde os boêmios do passado passaram as madrugadas discutindo política, literatura e afins, hoje ela vive um bom momento, pelo menos uma vez por mês, bem diferente de anos atrás quando o bairro implorava o perdão de todos, mesmo sem ter feito nada contra aqueles que a tratavam com indiferença.

Entretanto nada disso vale para a governadora se não tem o slogan do Governo do Estado ou da Prefeitura de Natal, se temos algo criado por alguns produtores e pequenos empresários da cidade, de nada interessa aos governantes da cidade, melhor é gastar muito dinheiro em quatro eventos durante um único mês e colocar nas propagandas como algo próprio, do que
incentivar a cultura potiguar. Você ainda duvida de mim? A maior prova é que desde fevereiro o projeto da Ribeira vem acontecendo e todas as vezes que fui não vi um único carro de polícia nas em ruas escuras por onde os visitantes passavam e se arriscavam em busca de uma colher de cultura e entretenimento, mas por outro lado, no Agosto da Alegria, do Governo do Estado, pude contar cerca de oito viaturas na mesma rua, uma atrás da outra, então levanto uma questão: Para aqueles que estão no evento do governo do estado segurança, para os demais, nada?

Everson de Andrade
Não venho aqui dizer que o Agosto da Alegria não foi bom, foi sim, é sempre um prazer ver nomes como Jorge Aragão e Paulinho da Viola em nossa cidade, mas primeiro: o evento já exclui a parte da população que volta para casa de ônibus, pois o horário não favorece; segundo: Há quase um ano os próprios natalenses cansaram de esperar pelas lideranças, e por eventos esporádicos para então saírem de casa e consumirem um pouco da cultura.

Everson de Andrade
E para quem duvidar da qualidade na idéia eu dou o exemplo do que vi nesse domingo (04), onde mais se poderia sair de um lugar onde está acontecendo um show de rock (Dosol) e logo ao lado (Armazém), passar a conhecer uma banda potiguar, que até então não conhecia, executando com qualidade e animando o público com os sambas de Chico Buarque, Wilson Moreira, Noel Rosa, Adoniran Barbosa, dentre outros, no caminho para a parada ouvir o som de um baterista fazendo um belo acompanhamento com pedal duplo em uma banda de heavy metal logo ao lado de um senhor tocando um trompete acompanhando um disco de jazz ao lado de um bar (Buraco da Catita) que homenageia um dos maiores nomes do choro brasileiro, que é potiguar e o próprio poder público nunca se deu contar de prestar uma única honra a esse gênio do nosso povo. Sem falar de ainda poder ir para casa de ônibus, pois nem todos tem carros. Parece muito, não é? Mas é tudo isso que se vê no Circuito Ribeira.

Agora essa pérola pode chegar ao fim no mês que vem (se já não chegou nesse), pois o governo ainda insiste em regular os incentivos aos projetos culturais, e esse não é o único, muitos outros sofrem com a indiferença por parte do poder público, isso sem falar daqueles para quem ele deve, com cursos e editais não pagos. O Festival Mada é outro que sofreu com o desprezo, alegando que o evento já seria auto-suficiente, prejudicou de tal forma que no ano de 2010 não aconteceu e nesse ano o projeto acontecerá com metade dos investimentos da sua primeira edição, podem até imaginar que estaria favorecendo os produtores e afins, mas estou simplesmente querendo, por mais uma vez, abrir os olhos dos gerenciadores do dinheiro público, de que o nosso povo pede cultura, assim como pede educação, segurança e saúde, e parem com essa guerra infantil de simplesmente pintar os muros da escola de verde ou azul, ou ainda mudar os adesivos das ambulâncias, pois os professores continuam mal pagos e os doentes ainda sofrem deitados nos corredores, assim como os artistas da terra produzem bons trabalhos a cada dia que passa nossa cidade respira cultura e tradição, mas pelo visto nada será feito se eles não tiverem estampado em suas testas a logo “Governo do Estado”.

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