terça-feira, 26 de julho de 2011

Eis que se foi, como os outros foram


Foto: Divulgação
Seria trágico se não fosse trágico demais. Pois na mesma semana a qual o mundo lamenta duas tragédias: um ataque idiota na Noruega e a morte de Amy Whinehouse. Mas o que tem a ver as duas coisas? O radical do responsável pelos assassinatos fez tudo isso simplesmente por não respeitar das diferenças, as de raça, religião, cultura e todas as outras particularidades que nos tornam únicos e isso já estamos cansado de ouvir e comentar. Mas veja só, Amy era uma jovem inglesa, de família judia, que ficou famosa cantando música americana, música essa de origem negra, a qual era cantada em igrejas. Veja você quanta diversidade há nisso tudo.

Confesso que tento, sério, eu tento, mas não consigo imaginar uma lógica para tudo isso, quero que alguém me dê uma, uma manifestação cultural que não sofreu nenhuma influencia externa, seja ela de outra civilização ou época. O livro mais famoso do mundo passou séculos, milênios para estar como conhecemos hoje, e ele mesmo é um grande globo de diversidade, você acredite ou não no que está escrito nele. A Biblía passou anos por diversas traduções, passou por idiomas que nem existem mais, influências políticas, ainda assim é o mais lido, e levado em consideração por muitos.

Pode ter certeza de que tudo que há de bom na cultura de qualquer povo é resultado de mistura. O que há de bom e ruim, é claro. Um dos nossos maiores bens não é de origem carioca nem baiana, ele tem suas raízes na África, em Angola. E foi trazido pelos escravos, sofreu influencias dos nossos antepassados até chegar aos clássicos de Cartola, Adoniran, Monarco e muitos outros, e ele ainda passa por essas mudanças.

Porém nessa semana o mundo perdeu um dos maiores símbolos dessa diversidade, diversidade que remete à particularidade. Não vou falar das suas noitadas, e do uso desenfreado das droga lícitas ou não lícitas, porém confesso que tinha certeza que ela morreria esse ano, e não devido aos seus problemas, mas pela maldição do clube dos 27, questão que só voltou para a mídia hoje em dia, mas acredito que seja um carma dos gênios.

Amy diferente de outros artistas era completa, trabalhava na letra, na música e cantava. Para ser bom não basta saber só escrever, eu sempre falo isso: se você só sabe escrever e faz uma música lixo, vá escrever um livro colega. A música deve ser completa, infelizmente o que se pode ver hoje são cantoras cada vez mais gostosas e menos talentosas. Mas isso também faz parta da diversidade, temos de saber viver com gênios e meros produtos de um mercado desqualificado, temos de saber viver em um mundo onde em cada esquina brota uma cantora com voz metalizada, bunda grande, seios fartos e nem um tato musical, enquanto os poucos que nos restam são levados para um clube fechado, porém exalando o mais fino talento. Sorte deles pois para nós só resta Back to Black.

Um comentário:

Andressa Vieira disse...

Confesso que nunca fui muito fã da mocinha aí... mas admito que o talento dela era indiscutível e ímpar frente a tantos pseudo-talentos que permeiam as membranas (e citoplasmas e núcleos) do mundo musical. É uma pena que essas estrelas luminosas (e não iluminadas, como tantas outras que por aí estao) que mantêm os palcos iluminados se vão tão cedo. Mas, para todos os efeitos, ainda nos resta Adele, Joss Stone e tantas outras... E que mais surjam!