domingo, 20 de março de 2011

Pouca Vogal, integrantes suficientes, e muito som

___________________________Foto: Diogenes Felix

Ver Duca Leindecker e Humberto Gessinger, líderes do Cidadão Quem e do Engenheiros do Hawaii respectivamente, reunidos num único projeto nos remete a algo bom. Trata-se da nata do rock gaúcho; dos bons tempos de rock brasileiro. E de fato é. O cd lançado pela dupla - e só por eles, sem mais nenhum integrante - em 2008 mostra um som mais calmo, com vozes mais suaves, guitarras menos gritantes, mas de muita qualidade.

Porém, essa calmaria para no cd. O show que a dupla fez em Natal no último sábado, dia 19/03, superou às expectativas desse blogueiro.

Pra início de conversa, Felipe Magoo, cantor pernambucano, estreou em Natal tocando grandes sucessos do rock nacional. Com apenas um violão e acompanhado de uma percussão simples, Magoo levou o público por quase uma hora. E foi bem. Tocou grandes sucessos dos Titãs e ainda se arriscou de Paulinho Moska e Marcelo Jeneci. Faltou apenas tocar Raul, que o público insistentemente clamava, e o cantor pedia para não o "colocarem nessa roubada".

Eis que surge no palco, por volta das 22h10, Pouca Vogal, a grande atração da noite, anunciada pelo locutor do Teatro Riachuelo de forma horrenda, diga-se de passagem. Entra Humberto, de cabelo grande e com uma bandana (faixa, como queiram) na cabeça, como nos velhos tempos da gravação dos "10.000 destinos " do Engenheiros. Aquele visual parecia me antecipar uma grande noite. Ao seu lado, Duca acena em direção ao público para o qual daria, em poucos instantes, um espetáculo.

O show tem início e logo de cara o repertório é divulgado: as músicas do projeto - apenas 8 - e em função disso, os grandes sucessos das bandas favoritas da dupla - Cidadão Quem e Engenheiros do Hawaii, como define o próprio Gessinger. E foi isso mesmo. O público potiguar, que não lotou por completo o teatro , também não deixou a desejar. Cantou junto do início ao fim quase todas as músicas.

No meio da apresentação, Humberto Gessinger anuncia o já esperado convidado da noite: Carlos Maltz, que entra pra coroar o evento. Muito empolgado, o primeiro baterista do Engenheiros sustentava na interpretação o que lhe faltava em afinação, e levava o público à loucura. Ao final da sua primeira participação no show, quebrou o cajón no qual tocava. Foi a demonstração de que eles estavam tão animados quantos nós.

Mas a coisa mais impressionante desse espetáculo é a capacidade multi-instrumental da dupla. Duca toca simultaneamente seu violão (ou guitarra) e um bumbo de bateria. Humberto tem a sua volta: guitarra, violão, viola caipira, teclado e gaita. Além disso, faz com alguns pedais o som do baixo - que, por sinal, era algo que estava intrigando esse que vos escreve desde o início do show. Eu realmente não sabia de onde vinha o som do baixo. Problema resolvido, quando Duca anunciou as habilidades do amigo e me deixou ainda mais abismado. É que por muitas vezes é normal aparecerem "músicos" que tocam muitos instrumentos ao mesmo tempo, mas é raro ter qualidade. O Pouca Vogal prova que é possível ser bom ainda assim.

E a primeira parte do show leva com ele grandes sucessos, como "Refrão de Bolero" - uma das mais aclamadas -, "Até o fim", "Somos quem podemos ser", "Terra de gigantes", entre outras do Engenheiros. Já do lado do Cidadão Quem, tocaram "Ao fim de tudo" - música a qual eu bailava sozinho até uma amiga ser solidária e me acompanhar -, "Girassóis", "Dia especial" e outras canções as quais as cervejas que eu bebi durante aquele dia não me deixam lembrar.

A dupla, então, se despede pela primeira vez do público. Mas ainda falta um pouco mais. Tanto a plateia quanto eles sabiam disso. E os dois voltam ao palco. E, de cara, "Pra ser sincero". Talvez a gente não estivesse merecendo tanto. Mas aí, Humberto vai de "Piano Bar" e logo depois chama Carlos Maltz de volta ao palco. A gente merecia sim. O público recebe Maltz e seu novo cajón com gritos de "quebra, quebra!". Dessa vez ele não o fez, mas não foi menos espetacular que da primeira vez. Participação impecável. Ele ainda tocou, próximo do fim do show, a versão de "Infinita Highway/Carona". A versão transitava de uma música a outra, como faziam Maria Bethânia, Chico, Caetano e muitos outros no auge de suas carreiras. É algo que parecia ter parado no tempo, mas no sábado vi que não.

"Muito obrigado, foi um prazer tocar pra vocês", despedem-se em forma de música, Duca e Humberto de um espetáculo que durou quase 2h. O prazer foi inteiramente nosso, não tenham dúvidas. E acredite, caso tenha a oportunidade de assistir a esse grande show, assista. Pra quem gosta deles, é um prato cheio.

5 comentários:

Everson Andrade (Boneco Vevel) disse...

Só uma palavra: Genial

Felipe Galdino disse...

Cara, agora me senti mal por não ter ido. Que baita texto meu caro.

Ivanberg Moreira disse...

Ótimo texto! Explica o misto de emoções que foi esse show! Excelentes músicos, excelentes canções, excelente platéia... vlw a pena, ter saído de Caicó, para aproveitar este momento único...

P.S: Sou Paraibano, de Patos-PB, há 21 anos, acompanho a carreira e canções do alemão Humberto Gessinger

Kobayashi disse...

Classificar esse show em uma palavra... Inesquecivel.


O texto está totalmente coerente com o que ocorreu no show. Quem foi, sentiu e cantou sabe o quão magico foi assistir a esse grande show.


Abraço.

Anônimo disse...

Leonardo Erys, tivemos o prazer de ter participado deste show que já a bastante tempo é o que existe de melhor na musica brasileira.