"Mais uma vez ele saiu, e o mundo viu que estava só.
E na pior ele sorriu, pra dor mentiu era melhor/
Mesmo assim por um triz, ele diz que é feliz”. (O Anti-Herói)
O fanatismo é uma desgraça. Existem fãs egoístas ao extremo, há ainda aqueles que só enxergam a sua relação com o ídolo, como se não existe outra pessoa que ame mais o trabalho de um grupo, além dele mesmo. Mas estes pequenos exemplos do comportamento dos fãs não se comparam ao que é manifestado quando uma banda chega ao fim, ou encerra as atividades por tempo indeterminado, como o que o SeuZé vive hoje. Quando isso acontece, o artista não tem querer, é apenas um animal dentro de uma jaula com o único objetivo de entreter. Como os fanáticos cometem erros.
Eles querem tudo para eles, e esquecem que aquelas figuras geniais que animaram muitas noites, tardes, manhãs, shows, resenhas, beijos, e até mesmo choro, também são pessoas que vivem além do seu bel-prazer. Todo esse comportamento é gerado pela gama de experiências particulares que cada um viveu.
Mas existem aquelas bandas que não têm fãs “loucos”, a sua legião é de reais admiradores, felizes estarem naquele momento, com aquelas pessoas, pois eles não vivem algo sozinhos, o artista faz questão de fornecer uma experiência compartilhada, com aquele cara que sem querer derrubou cerveja no seu tênis, mas pediu desculpas e logo após sorriu como quem reforça o pedido. Ou aquela garota que ao som de um simples dedilhado da guitarra dança, mesmo que nenhum canhão de luz a ilumine ela não está ali para se mostrar para todos, ela quer se alimentar com a música, e alentar a quem assiste os movimentos curvilíneos de seu corpo.
SeuZé é a mais simples e eficiente representação de uma geração de potiguares. Entre os milhares que existiram, eles sintetizaram a carga cultural de um grupo de pessoas, e com as suas letras cheia de gírias, filosofias, amor, sinceridade e mais que isso, sotaque.
Toda a carga desse povo cheio de detalhes do extremo nordeste do país é claramente apresentada nas entonações de cada sílaba cantada por Lipe Tavares. Sentir-se como uma resenha na sala de estar era o trabalho de todo o grupo com as suas brincadeiras externas, no palco, para todo o público, entendendo ou não.