Fotos: Diego Marcel |
Ao passar pela porta perguntei a uma das recepcionistas a
duração do espetáculo, sim o tempo era algo que me deixaria apreensivo naquela
noite, não pela atração, já conhecia a banda de outros bares e lugares: casas de
show e calouradas do setor 2, o meu problema era com o horário, quem vem de
Parnamirim sabe que não se pode confiar na empresa de transporte daquela
cidade. Mas a minha pergunta tirou um sorriso simpático daquela mulher, e foi
substituído com um olhar confuso por trás daqueles óculos de grau, seguidos por uma
afirmação que não afirmaria nada:
“Não sei te informar a duração não, senhor.”
Certo, não me importei se minha sede pela informação não foi saciada. Fiquei mais surpreso com o vocativo que recebi naquela noite, um
mano, véi, man ou até mesmo galado já estaria suficiente para uma pessoa da
minha estirpe.
A tempo de achar o meu lugar me assento ao lado da minha
senhora – era a primeira vez dela – seguro sua mão para tranqüilizar minha apreensão
e principalmente sentir sua pele na minha.
Uma voz dá as boas vindas, agradece ao patrocinador, e lança
as regras para em seguida anunciar a atração: Seuzé – Íntimo.
O Seuzé é uma banda conhecida da cidade, com quase dez anos
de estrada, Lipe e Cia colecionam dois discos geniais e apresentações dentro e
fora do estado e grandes festivais. Quando um natalense mais ligado é
perguntado sobre bons artistas da cena potiguar a banda está na lista de 9 em
cada 10 pessoas, a outra com certeza ainda não ouviu o som do grupo, muito
menos viu uma apresentação.
O abrir das cortinas foi guiado pelos primeiros acordes da
música “A Janela” seguidos pelo vocal cheio de sotaque. Eu poderia terminar o
texto agora falando que todo o show foi ficar parado na janela com um sorriso
infantil, enquanto se vê a banda passar. Mas seria limitar demais, e seria
frustrante para o leitor chegar a esse ponto da leitura levar uma brochada
desta.